segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Mães de primeira viagem e a educação alimentar: como agir corretamente em busca de uma vida saudável


Um dos aspectos que me têm chamado a atenção desde que trabalho em Alimentação Infantil é o estilo-padrão que um elevado número de mães apresentam quando têm os primeiros filhos: a proteção absoluta! Esse sentimento de amor, homogeneizado com alguma insegurança, resulta por vezes em um cuidado abusivo ao redor da criança, que, à medida que vai crescendo, deveria ser liberta e sair da redoma de proteção para se enquadrar no mundo e aprender a defender-se sozinha, como um dia vai acontecer.

Claro que poderíamos gastar rios de palavras sobre esse assunto, entre sociólogos, psicólogos, antropólogos e outros tantos terapeutas preocupados com a evolução da espécie humana, mas hoje, e não fugindo à minha regra, o assunto é alimentação. Alimentação da criança que, ultrapassados os primeiros meses de vida, deve ser vigilante mas nunca extremista e isenta de ansiedade.

Durante os dois primeiros anos de vida, é gerada uma preocupação evidente sobre o que o bebê pode e não pode comer, fato essencialmente focado no fraco sistema imunológico e imaturo sistema digestivo, em que a pretensão de assegurar o melhor com todo o esforço exigido é absoluta regra que os pais, empenhados, procuram cumprir. E o pediatra encaminhar.

Mas, se um dos maiores erros dos pais é não trabalhar os "alimentos rejeitados" pela criança, criando novas formas de apresentação e sabores, em momentos subsequentes, por outro lado considero que anular alimentos menos saudáveis na alimentação infantil não é, de todo, a estratégia mais eficaz de educação alimentar... afinal, o fruto proibido é o mais apetecido!

E, quando a criança se torna mais independente, sendo capaz de se expressar facilmente e ser seletiva (nem que seja para contrariar), a verdade é que é importante apresentar à criança o equilíbrio do que pode, do que deve e do que não deve comer.

E, claro está, o exemplo vem de cima e se existe algo que não deve mesmo provar, então que não exista à disposição da criança e não sirva então de pretexto para uma birra, que surgirá num momento mais oportuno, para chamar a atenção dos pais nesse sentido e causar desavenças.

Considero que a melhor forma de os pais agirem/educarem, enquanto os principais responsáveis pela educação alimentar do pequeno ser, é proporcionar à criança toda a gama de alimentos que se apresentam ideais para o seu consumo e nunca criar uma gama de alimentos proibidos. Os pais devem, sim, aprender a gerir as quantidades e a frequência da oferta desses alimentos de modo a que estejam ao alcance da criança em momentos pontuais da sua rotina. Será importante também ensinar a criança a interpretar alguns sinais que resultam da alimentação menos saudável, como os gases, a diarreia, a dor de barriga, o regresso do apetite em poucos minutos. Desse modo, aprenderá a distinguir, em poucos anos, o que é realmente importante para si e aquilo que é mais importante ingerir para se sentir bem.

Será ainda o caso de enfatizar a necessidade de regrar a oferta dos alimentos menos saudáveis, em casa e na escola, e para, além disso, assegurar que os alimentos ricos em gordura, ricos em açúcar e/ou sal não sejam, nunca, ingeridos isoladamente, para que o seu efeito prejudicial não tenha um impacto tão negativo no pequeno organismo.

Pizza? Deem!

Hamburgers? Deem!

Mas lembrem-se! Muito esporadicamente, e nunca com o estômago vazio. Importante forrar previamente com uma boa sopa, um iogurte, um copo de leite, uma fruta... algo saudável que sacie também a criança, lhe ofereça valor nutricional e, sim, diminua a absorção do alimento saboroso, mas menos saudável.

E, se não for pedir muito, deem o exemplo em casa! Pela saúde deles, mas também pela nossa! Pensem nisso... estarão a construir qualidade de vida, no futuro, e a semear o respeito dos filhos por vocês e por eles próprios também!

Solange Burri é mestre em Inovação Alimentar, técnica superior de Segurança Alimentar e microbióloga. Trabalha como consultora técnica em Alimentação de Grupos de Risco e é coordenadora de BabySol®, entidade de consultoria e formação de apoio a Pais e Profissionais de Saúde e Educação sobre a Alimentação de Bebês, Crianças e Grávidas.

FONTE : IDMED

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