quinta-feira, novembro 04, 2010

Judeus da Alemanha ordenam a 1ª mulher rabino desde o Holocausto

Alina Treiger, 31, deve assumir comunidade na cidade de Oldenburg.
Ela afirmou encarnar as culturas judaica, alemã e da antiga URSS.

Da AFP, em Berlim


Pela primeira vez depois de 75 anos, uma mulher foi ordenada rabino nesta quinta-feira (4) na Alemanha, marcando a retomada de uma comunidade judaica devastada pela Shoah (Holocausto).

Alina Treiger, 31 anos, originária da Ucrânia, tornou-se sacerdote do culto judaico durante cerimônia emocionante em uma sinagoga do oeste de Berlim, que contou com a presença do presidente, Christian Wulff.

Alina Treiger fala durante sua cerimônia de ordenação nesta quinta-feira (4) em sinagoga em Berlim.
Alina Treiger fala durante sua cerimônia de ordenação nesta quinta-feira (4) em sinagoga em Berlim. (Foto: AFP)

Ela é a segunda mulher ordenada na Alemanha. A primeira, também do mundo, a conseguir o título foi Regina Jonas, em 1935 - ela morreu assassinada em Auschwitz em 1944, aos 42 anos.

Com cabelos ondulados loiros escuros e um grande sorriso, Alina era o centro das atenções, mesmo com dois outros estudantes homens sendo ordenados ao mesmo tempo.

"Enchamos nossos corações de amor. Estejamos unidos no amor pelo bem e pela vontade de impedir a violência e o conflito", disse durante uma "oração para a Alemanha" pronunciada ao término de sua ordenação.

No fim de novembro, Alina Treiger deve assumir a direção da comunidade da cidade de Oldenburg, próxima à Holanda.

Ela afirma encarnar "a união de três culturas: judaica, alemã e a da antiga União Soviética".

Nascida em Poltava, uma cidade de 300 mil habitantes que hoje pertence à Ucrânia, Alina Treiger estudou no colégio Abraham Geiger de Postdã, próximo a Berlim. Criado em 1999, foi o primeiro seminário rabínico da Europa Continental desde o Holocausto.

A trajetória da jovem mulher é símbolo da comunidade judaica alemã que, das cinzas da Shoah, tornou-se hoje uma das mais dinâmicas do mundo e é 90% composta por membros originários da extinta URSS.

Alina Treiger é ordenada nesta quinta-feira (4) em Berlim.
Alina Treiger é ordenada nesta quinta-feira (4) em Berlim. (Foto: AP)

Após a queda do Muro de Berlim, a Alemanha abriu suas portas para os judeus do antigo império soviético, vítimas de um forte antissemitismo, fornecendo a eles a nacionalidade alemã.

"Na Ucrânia, a religião era esquecida pela metade", contou Alina Treiber.

Desde 1989, cerca de 220 mil judeus da extinta URSS chegaram à Alemanha que contabilizava, na época, 30 mil judeus, contra cerca de 600 mil antes de Adolf Hitler chegar ao poder em 1933.

Uma boa parte deles partiu, principalmente para Israel. As comunidades judaicas na Alemanha contam hoje com 110 mil membros, quatro vezes mais do que há 20 anos, segundo o Conselho Central de Judeus da Alemanha.

Essa migração em massa permitiu em algumas regiões, principalmente na ex-República Democrática Alemã, a recriação das comunidades aniquiladas pelo Holocausto.

Em Berlim, a comunidade judaica conta 11 mil membros, dois terços derivados da então URSS.

No entanto, a integração desses judeus vindos da União Soviética levanta problemas e suscita conflitos. Alguns judeus alemães os acusam de serem "desjudaizados".

A chegada desses refugiados teve fim no dia 31 de dezembro de 2004, quando a Alemanha impôs restrições à migração deles. O número de candidatos começou a cair drasticamente.

A ordenação, chamada semikha, é acessível às mulheres unicamente no judaísmo liberal. As raras mulheres rabinos estudaram, em sua maioria, nos Estados Unidos.

"É um dia extraordinário!", disse o rabino Daniel Freelander, vice-presidente da União do Judaísmo Progressista da América do Norte.

As primeiras ordenações de rabinos na Alemanha depois do Holocausto ocorreram em 2006.

Fonte :

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/primeira-mulher-rabino-desde-o-holocausto-e-ordenada-na-alemanha.html

Diabéticos podem ingerir álcool?

Diabetes e álcoolUm diabético pode consumir bebidas alcoólicas?

Não há contraindicação para a ingestão de bebidas alcoólicas pelos portadores de diabetes, desde que observados limites de quantidade e presença de doenças ou condições que podem ser agravadas com sua ingesta. O consumo de álcool deve ser feito de forma responsável.

Que bebidas alcoólicas o diabético pode tomar? Destiladas, fermentadas, adocicadas?

A quantidade de álcool deve ser equivalente nas bebidas destiladas ou fermentadas, não ultrapassando as quantidades recomendadas. Deve-se evitar bebidas açucaradas, as com leite condensado, com suco de frutas. Preferir o uso de adoçantes e frutas de baixa quantidade de carboidrato, tais como maracujá, limão.

Qual quantidade de ingestão de álcool é tolerável para alguém que tem diabetes?

Homens devem consumir no máximo duas doses e mulheres uma dose de bebida ao dia. Uma dose de bebida contém 10 a 15g de álcool, o que equivale a 360ml de cerveja, 45ml de bebida destilada, 150ml de vinho.

Quando bebemos, onde o álcool é metabolizado? No caso do diabético, como o processo funciona?

O álcool é absorvido no estômago e intestino sem ser metabolizado. É metabolizado na sua maior parte no fígado e 10% do álcool é eliminado pelo organismo sem ser metabolizado. Não há diferença na metabolização do álcool pelos diabéticos e não diabéticos no fígado.

Beber bebida alcoólica não faz o diabético baixar o açúcar no sangue?

O álcool aumenta o risco de hipoglicemia (queda do açúcar) relacionada ao jejum nos indivíduos não diabéticos. Nos portadores de diabetes que utilizam insulina ou medicamentos que estimulam a liberação de insulina pelo pâncreas, esse risco é potencializado.

Por quê? Como evitar que isso ocorra?

O álcool inibe a gliconeogênese, isto é, a formação de glicose a partir de outros compostos com gordura e proteína nos períodos de jejum prolongado para suprir a necessidade do organismo, já que o carboidrato é o seu principal combustível. Para evitar a hipoglicemia, devem-se observar alguns cuidados:

• Nunca ingerir álcool quando a glicose no sangue está baixa (hipoglicemia);

• Ingerir álcool com estômago vazio, já que a presença de alimentos no estômago retarda a absorção do álcool;

• Comer pequenas porções de carboidratos enquanto se ingere bebidas alcoólicas e maiores quantidades quando estiver fisicamente ativo;

• Não esquecer de hidratar-se adequadamente, pois o álcool produz desidratação, que pode ser agravada se o açúcar no sangue estiver alto. Preferir bebidas isentas de calorias;

• Avaliar a glicemia antes, durante e após o consumo de bebidas alcoólicas e antes de dormir, e corrigir a glicemia de acordo com a orientação médica. Em geral, não dormir com glicemia menor que 100mg/dl.

Não faz mal misturar bebida alcoólica com medicamentos para controle do diabetes?

Principalmente quando os portadores de diabetes fazem uso de insulina e medicamentos que estimulam a sua secreção pelo pâncreas, já há maior risco de hipoglicemia. O abuso de bebidas alcoólicas deve ser desencorajado, porém, é possivelmente mais danoso interromper deliberadamente o uso das medicações em situações de consumo de álcool. Portadores de diabetes que usam insulina conforme a contagem de carboidrato não devem considerar a quantidade de carboidrato contida na bebida alcoólica, exceto naquelas muito ricas nesse nutriente. A conduta individualizada nesses casos deve ser discutida com a equipe que acompanha o portador de diabetes.

O que acontece se o diabético ficar muito alcoolizado? A insulina não pode ser ministrada? O que fazer para que ele se recupere? Ele pode morrer devido a isso?

Caso haja comprometimento do nível de consciência, deve-se:

• Medir a glicose capilar (ponta de dedo) para verificar se há hipoglicemia, já que os sintomas de hipoglicemia são semelhantes aos da embriaguez;

• Em casos de hiperglicemia o uso da insulina deve ser judicioso, levando-se em consideração o alto risco de hipoglicemia até 12h após a ingestão de bebidas alcoólicas;

• Se houver hipoglicemia, há risco de morte. Deve-se oferecer 15g de carboidrato de rápida absorção por via oral e medir a glicemia após 10 a 15 minutos para verificar se houve aumento dos níveis de glicose no sangue. Nos casos de coma ou impossibilidade de ingestão por via oral (vômitos), não se deve administrar líquidos por essa via, assim torna-se necessária a administração de glicose diretamente na veia no pronto-socorro, além de hidratação adequada e outras medidas para intoxicação por álcool. A glicemia deve ser medida a intervalos regulares, já que pode haver hipoglicemia tardia. O glucagon, medicação usada para aumentar a glicose no sangue, não funciona nesses casos;

• Orientar o portador de diabetes para que leve consigo o “cartão do diabético”, com informações de como agir em casos de hipoglicemia, além de glicose em gel ou outro tipo de fonte de açúcar de rápida absorção.

Beber pode prejudicar doenças secundárias causadas pelo diabetes?

O álcool pode aumentar os níveis pressóricos, o que contribui para complicações diabéticas. É diretamente tóxico para os nervos, podendo piorar quadros de neuropatia diabética.

Que tipos de diabéticos jamais deveriam beber álcool?

Nas seguintes situações os portadores de diabetes não devem consumir álcool:

• Antecedente de derrame cerebral hemorrágico;

• Doença no fígado, pâncreas;

• Transtornos psiquiátricos;

• Antecedente pessoal ou familiar de abuso de álcool;

• Problemas devido ao aumento de triglicérides, como, por exemplo, pancreatite;

• Gravidez;

• Pessoas que operam máquinas ou equipamentos perigosos;

• Controle do diabetes muito instável, que têm a hipoglicemia como obstáculo para seu controle;

• Presença de complicações crônicas secundárias ao diabetes, principalmente complicações neurológicas;

• Condições particulares determinadas pela equipe que acompanha o portador de diabetes.

O uso deve ser limitado nos casos de gastrite ativa, inflamação no esôfago, lesões pré-cancerosas no trato digestório, história familiar de câncer de mama.

Dra. Suzana Maria de Souza Vieira é Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) na área de concentração de Endocrinologia e Metabologia, atuando em pesquisas clínicas e laboratoriais sobre Diabetes. Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (1998); Título de Especialista em Clínica Médica - SBCM (2001) e Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia - SBEM (2003). CRM: 95.211.

Fonte : IDMED

Carne vermelha e colesterol: mitos e verdades Nutrição - Alimentação

Carne vermelha e colesterolA carne vermelha é vista como vilã por algumas pessoas. Ela possui alguma gordura considerada “boa”?

A carne vermelha possui em sua maioria gordura saturada e colesterol (ruins para a saúde). Portanto não é considerada fonte de gordura boa. Mas contém outros nutrientes bons.

É verdade que, para reduzir o colesterol, basta cortar a carne vermelha? Por quê?

Não, não basta cortar as carnes vermelhas. O importante é reduzir seu consumo e dar preferência para cortes sem ou com pouca gordura e evitar cortes gordos (costela, cupim, por exemplo). Existem outros alimentos que contêm gordura saturada e gordura trans (as principais que aumentam o colesterol sanguíneo), como, por exemplo, o leite integral, queijos amarelos, produtos industrializados.

A carne vermelha é um alimento considerado saudável? É possível substituí-la e obter os mesmos benefícios nutricionais com outros alimentos?

A carne vermelha é fonte principalmente de ferro, vitaminas lipossolúveis e proteínas de alto valor biológico. Para conseguir a mesma quantidade de ferro da carne em outros alimentos, teríamos que consumir muita salada, leguminosas, outras fontes de proteína. É possível, mas não é fácil. Precisa ser elaborado um cardápio especial para cada pessoa pensando em não consumo de carne e substitutos.

Que tipos de carnes são mais indicados para um plano de alimentação saudável?

As carnes brancas (peixes em primeiro lugar), frango sem pele e cortes de carne magros (patinho, lagarto e outros em que é possível tirar a gordura).

O que é considerado carne “magra”?

É uma carne que tenha pouca gordura interna e que da qual se consiga retirar a gordura visível.

Qual a quantidade de carne que deve ser consumida por semana?

Isso depende muito do objetivo da pessoa, se tem colesterol alto ou não, se tem algum problema com ácido úrico (que tem que restringir proteína, por exemplo). Mas acredito que uma quantidade ideal seria 3 vezes por semana e nos outros dias carne branca (peixe e frango).

A preparação da carne influencia nos benefícios nutricionais? Qual é a melhor preparação?

As melhores opções são as carnes grelhadas, cozidas e assadas, em que não há necessidade de acréscimo de outro tipo de gordura, evitando assim o aumento do conteúdo de gordura da preparação. Existe influência, sim, do preparo. Esses métodos que citei ainda podem "eliminar" um pouco da gordura e outros como fritura acrescentam gordura. Um preparo com tempo muito elevado pode "produzir" modificações em alguns nutrientes da carne, tornando-os prejudiciais e até cancerígenos. O ideal é não tostar a carne, deixá-la ao ponto (mal passada também não é bom, pois pode manter micro-organismos patogênicos).

É possível adquirir os mesmos benefícios da carne vermelha comendo frango, peixe e carne de porco? E comendo apenas vegetais?

Não é exatamente a mesma coisa, precisaria ter um equilíbrio entre carnes brancas e vegetais para se alcançar as recomendações de ferro, proteínas e vitaminas. A ingestão apenas de vegetais é mais difícil, há necessidade da mesma forma de cálculo individual para se estabelecer necessidades do indivíduo e então preparar cardápio elaborado para que se alcance as recomendações.

Dra. Ana Carolina Moron Gagliardi Miguel é graduada em Nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e doutora pelo Instituto do Coração - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - HCFMUSP. Atualmente faz pesquisa em alimentação e metabolismo de lípides. CRN 17681

Fonte : IDMED

Controle emocional: fundamental para você e para os outros Bem-estar - Viva Melhor

stk103316corSentimentos bons e ruins fazem parte do dia a dia. Saber lidar com isso sem prejudicar a você ou ao próximo é necessário para se bem viver a vida. É muito importante o autocontrole e principalmente autoconhecimento. Para isso, aí vai algumas dicas:

1- Conheça seus limites e respeite-se. Saiba até quando e quanto você pode sobre determinado ponto. Aceite sua condição hoje, você pode mudá-la se necessário, até mesmo expandir se for preciso. Mas cuidado para não ultrapassar seus limites sempre, pois são esses excessos que levam ao estresse (desgaste físico e mental). Por exemplo, horas extras no trabalho podem acontecer, mas isso não deve ser a sua rotina. Lembre-se: faça sua parte, pois de resto... não há mais nada a se fazer. Respeite sua condição física e psicológica. Existem exercícios específicos de hipnose ericksoniana e do Novo Código da PNL que durante as sessões são usados para criar mudanças de padrão, eliminando crenças desnecessárias. Isso tudo com o foco na excelência do comportamento desejado. O que se quer atingir? Por onde começar? Como eu consigo o sucesso?

2- Conheça você mesmo. Saiba da sua capacidade no momento, você pode reverter isso se for preciso. Mas somente sabendo quem é, onde está e como se está é que se pode planejar algo diferente daqui para frente. O processo novo de tratamento que envolve a neurociência é diferente da psicologia tradicional, pois usa exercícios, “jogos” individuais proporcionando uma tranquilidade na aquisição do novo comportamento.

3- Saiba dizer não quando for necessário. Para isso é preciso respeito aos limites e autoconhecimento, até que ponto você deve dizer sim ou não para determinada situação? Como agir e ter tranqüilidade na escolha? Saber escolher e ficar em paz é preciso para se manter o equilíbrio.


4- Aprenda a dividir seu tempo pessoal e profissional. Cuide de você também. Através de exercícios específicos você poderá mapear vários pontos pessoais e profissionais. A partir disso você será capaz de observar e pensar sobre áreas da sua vida e se necessário mudá-las a tempo de aproveitar o que for preciso.

5- Se há sentimentos de irritação, mau humor e impaciência, tristeza e /ou sentimentos negativos, lembre-se que o primeiro passo é observar os pensamentos. As emoções são fruto daquilo que se pensa. E por consequência as escolhas, as atitudes, toda ação estará embasada nesse processo. A hipnose ericksoniana é uma técnica que trabalha diretamente o inconsciente e por isso ajuda e muito nesse processo mental, gerando uma melhor ação para a produção de sucesso.

6- Respire, acalme-se primeiro. Não faça nada precipitado ou de cabeça quente. Para um bom desempenho é preciso estar em um estado emocional adequado. Respiração serena, corpo relaxado ajuda a entrar em um estado de equilíbrio para uma ação saudável e eficaz.


Fonte : IDMED

Na boca do povo


Da incômoda afta ao temido câncer, saiba quais são as doenças que afetam o seu sorriso e sua saúde bucal. E aprenda por que é tão importante incluir as visitas ao dentista entre os exames obrigatórios do check-up anual.

Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 30 milhões de brasileiros (ou seja, 16% da população) nunca estiveram em um consultório odontológico. Talvez, por essa razão, muita gente ainda acredite que os problemas bucais estejam limitados apenas às cáries. A boca é o órgão do corpo humano mais exposto a processos infecciosos e traumáticos. "É uma cavidade úmida, escura, bastante vascularizada, sensível a alterações orgânicas internas e a variações de temperatura e repleta de microrganismos. Portanto, muito vulnerável a doenças", explica Artur Cerri, presidente da Sociedade Paulista de Estomatologia e Câncer Bucal (Sope) e professor da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em São Paulo.

São inúmeros os males capazes de afetar o sorriso de uma pessoa, especialmente dos mais desleixados. A falta de higiene e de cuidados essenciais com a limpeza dos dentes e de toda a cavidade bucal é a principal responsável por doenças que vão desde uma simples gengivite até tumores. Traumas e outros agentes externos também causam complicações. Dentes quebrados ou mal posicionados, restauração dentária em excesso e próteses e dentaduras que machucam provocam lesões e infecções crônicas.

Há ainda a possibilidade de medicamentos favorecerem o aparecimento de inflamações, como o que ocorre com o uso contínuo de drogas destinadas ao controle da pressão arterial e das crises de epilepsia.

A cavidade bucal não funciona apenas como alvo. Ela também serve de porta de entrada para levar encrenca a outras partes do corpo. Infecções crônicas da gengiva, por exemplo, podem danificar fígado e rins. Mas o grande perigo mesmo leva o nome de endocardite bacteriana, uma infecção das válvulas do coração que acomete com maior freqüência quem já apresenta danos no órgão. Por meio de abcessos na boca (acúmulo de pus causado por inflamações), agentes nocivos podem se alojar no coração e piorar o quadro, provocando até a morte. É por isso que pacientes cardíacos são orientados a tomar antibióticos antes de cada procedimento dentário. Esta atitude preventiva ajuda a diminuir os riscos dessa complicação.

Veja os principais sintomas, distúrbios e doenças que afetam a boca

AFTA
Também conhecida como estomatite aftosa, uma das doenças mais comuns da mucosa bucal, atinge cerca de 20% da população mundial, sobretudo jovens. São lesões dolorosas, múltiplas ou solitárias, que costumam incomodar por cerca de 18 dias. As aftas podem ser precedidas por ardência, coceira ou formigamento. As causas ainda não estão totalmente esclarecidas, mas suspeita-se que sejam relacionadas a predisposição genética, trauma, alergia, hormônios, estresse e doenças auto-imunes. O tratamento depende de cada caso. Não há cura, mas medicamentos específicos diminuem a sua freqüência e gravidade.

BOCA SECA OU XEROSTOMIA
Com o avanço da idade, as glândulas salivares diminuem a produção, o que pode provocar secura na boca e, conseqüentemente, dificuldades para falar, mastigar e engolir alimentos. A saliva fica mais viscosa, espessa e espumosa e a língua arde - um quadro que também afeta a sensibilidade do paladar. De acordo com o estomatologista Artur Cerri, o hábito de fumar e de ingerir bebidas alcoólicas, além do uso de determinados medicamentos, como antidepressivos e anti-hipertensivos, também contribuem para a redução da salivação. Além do incômodo, este problema pode trazer conseqüências mais graves. "A saliva possui anticorpos com ação antibacteriana e antimicrobiana, por isso a redução de sua produção deixa a pessoa exposta a uma série de doenças", alerta Artur Cerri. Remédios e até saliva artificial são alguns cuidados que ajudam a amenizar o distúrbio.

GENGIVITE E PERIODONTITE
A inflamação da gengiva (gengivite) é desencadeada pelo acúmulo da placa bacteriana, que se forma principalmente pela má higiene dos dentes. A região fica avermelhada, inchada e costuma sangrar. A simples remoção da placa bacteriana resolve o caso, mas se não for feita o quadro pode evoluir para periodontite. Isso ocorre a partir do momento em que as fibras e os tecidos que suportam a arcada dentária ficam comprometidos. Neste momento, sem intervenção de um especialista, há risco de perda de dentes. Vale lembrar que a predisposição genética é um fator relevante para o aparecimento.
HERPES
O herpes é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, causada pelo vírus herpes simples (VHS), que fica latente no organismo. Pode ser contraída pelo beijo e se manifesta em situações de baixa imunidade, exposição solar e, no caso das mulheres, durante a menstruação. São pequenas bolhas, que surgem geralmente nos lábios e duram, em média, duas semanas. "Todos têm contato com o VHS na infância, mas a maioria desenvolve resistência a ele", diz o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva. "Não existe cura para o herpes. Porém, medicamentos antivirais conseguem amenizar os sintomas e acelerar o desaparecimento das bolhas", garante.

MUCOCELE
Comum em crianças, trata-se de uma lesão em forma de bolha, localizada geralmente no lábio inferior, causada pelo entupimento das glândulas salivares. "Muitas crianças têm o hábito de mordiscar o lábio, o que acaba causando a mucocele", explica o estomatologista Francisco Pacca, da USP, Unisa e Unicastelo. "Normalmente, é necessária cirurgia para a remoção deste tipo de lesão."

HALITOSE
Termo da medicina para o conhecido mau hálito, pode ter mais de 50 causas. No entanto, segundo o estomatologista Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, 90% delas estão relacionadas ao estado em que se encontra a boca. Diferentemente do que a maioria das pessoas acredita, pouquíssimos casos têm origem no estômago. "Basicamente, a halitose é provocada por falta de higienização ou limpeza inadequada, sobretudo da língua", afirma o especialista. O acúmulo de alimentos forma placas brancas de origem bacteriana na superfície da língua - a chamada saburra lingual. Ali, mais de 700 microrganismos passam a produzir compostos sulfurados voláteis que liberam enxofre, gás responsável pelo odor desagradável. "Para prevenir este mal, é preciso manter uma higiene completa. A escova de dentes pode ser usada para limpar a língua, embora também existam à disposição raspadores linguais, vendidos em farmácias", orienta o especialista.


Atenção ao câncer bucal

O Brasil é o quinto país do mundo em incidência de câncer de boca, o que inclui os tumores malignos de lábios e da cavidade oral. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, este é o oitavo tipo de câncer mais freqüente nos homens e o nono entre as mulheres. E, segundo as projeções para 2005, até o final do ano serão registrados no país mais 9.985 novos casos envolvendo o sexo masculino e 3.895 o feminino.

O estomatologista Jayro Guimarães Jr. explica que 95% desses tumores se desenvolvem na forma de carcinoma epidermóide. "Ou seja, aparecem como uma ferida que nunca cicatriza e cresce progressiva e rapidamente, infiltrando-se nos tecidos vizinhos", explica. O tratamento é feito por meio de cirurgia para retirada do tumor, podendo ser empregadas radioterapia e quimioterapia. Como em outros tipos de lesões cancerígenas, quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores serão as chances de sobrevida. O grande problema, segundo o estomatologista Artur Cerri, é que há poucas campanhas de prevenção contra o câncer de boca e as pessoas costumam procurar ajuda muito tarde. "Cerca de 85% dos casos são descobertos em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e cura. Resultado: 50% dos pacientes morrem em um ano após o diagnóstico", lamenta o especialista.

O principal agente causador do câncer na cavidade bucal é o cigarro, mas o álcool tem efeito potencializador. Nos lábios, o tumor maligno também pode ser desencadeado pela exposição ao sol sem o uso de protetores contra os raios ultravioleta, especialmente em pessoas de pele e olhos claros.

As principais formas de prevenção, portanto, são parar de fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e usar filtro solar labial. Outra recomendação é ficar atento às feridas na região que demorem mais de 15 dias para cicatrizar. Não quer dizer que necessariamente sejam câncer, mas é preciso investigar. Ao notar qualquer lesão suspeita, procure um médico ou estomatologista.


CANDIDÍASE
Conhecida como sapinho, esta doença é causada por fungos e manifestada pela formação de manchas brancas e avermelhadas pela cavidade bucal (como no palato) ou feridas no canto da boca. Estes sinais atingem qualquer lugar da cavidade oral e normalmente não causam dor. A candidíase geralmente é desencadeada em situações em que há queda na resistência do organismo. O tratamento é simples e requer apenas aplicação de remédios antifúngicos.

MONONUCLEOSE
A mononucleose, causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB), é mais conhecida como doença do beijo, pois esta seria a principal forma de transmissão. Depois de um período de incubação de 30 a 45 dias, o vírus tende a permanecer para sempre no organismo da pessoa. Pode ser assintomática ou apresentar sintomas que incluem fadiga, dor de garganta, tosse, inchaço dos gânglios, perda de apetite, inflamação do fígado e hipertrofia do baço. Na boca, freqüentemente aparecem pequenos pontos avermelhados na região do palato (céu da boca). Não há tratamento para a doença. Para amenizar os sintomas, utilizam-se analgésicos, antitérmicos e, se necessário, medicamentos contra enjôo.

GRANULOMA GRAVÍDICO
Durante a gestação, por causa da ação dos hormônios femininos, a gengiva feminina se torna mais suscetível a inflamações, podendo sangrar e provocar mau hálito. Esse tipo de gengivite é chamado de granuloma gravídico e requer tratamento odontológico.

SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL
Ou simplesmente SAB, é uma alteração da sensibilidade da mucosa da boca, caracterizada por ardência, dor ou sensação de coceira. A língua, principalmente em sua região anterior, é o local mais atingido. "Normalmente, a síndrome atinge pessoas acima de 50 anos. As causas ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que o seu aparecimento esteja associado à depressão", explica Francisco Pacca.


Imagem: Reprodução

Fonte: Revista Viva Saúde