sexta-feira, setembro 24, 2010

Saiba diferenciar notebook, netbook, smartphone e tablet




Já faz tempo que o computador se libertou das amarras e dos cabos e saiu das mesas de escritórios. Primeiro veio o notebook, que cabe na mochila. Depois, o smartphone, que cabe no bolso. Daí o netbook. E agora, a sensação do momento é o tal do tablet.

E ainda tem uns indecisos que não sabem se são tablets ou notebooks. A questão é:
será que a gente precisa de tudo isso?
E qual é o melhor pra você?
Por isso fomos até a Avenida Paulista, coração de São Paulo, pra saber o que as pessoas acham.
Levamos para a rua alguns dos brinquedinhos tecnológicos mais modernos do mercado. E, claro, a maior novidade sempre chama mais atenção. “Esse é demais! Nunca peguei (um tablet) na mão”, diz um rapaz. O iPad é um desses fenômenos que a concorrência demora pra entender. Aliás, poucos entenderam direito e muitos compraram. Foram mais de 3 milhões em 3 meses!
Mas, afinal, por que alguém precisa de um iPad?
Porque ele é lindo! Levinho, fininho, super feminino. Adorei!”, diz a atriz Luana Athaydes.
Bom processador, três opções de memória, acesso a internet e peso irresistível. É um executor de mídias bem bacaninha. “Essa é a parte legal dele: poder ler livros nele”, afirma a estudante Tamara Chaves, de 19 anos. Para usar no sofá, o estudante Tiago Aparecido não tem dúvidas: “Prefiro o iPad mesmo. Aqui fica um pouco complicado de digitar...”.
Mas é bom ficar ligado! O iPad é uma plataforma fechada. Não tem porta USB, entrada para CD e DVD nem bateria removível. É praticamente blindado! Por isso, não dá pra fazer upgrade na placa de vídeo ou aumentar a memória, por exemplo - o que encurta a vida útil do aparelhinho. Traduzindo em miúdos: se você ainda não tem computador, pode não ser uma boa ideia ter apenas um iPad em casa.

Que tal então um netbook?
O primo pobre do notebook!“Tudo que preciso ele tem. É fácil de manusear e eu posso levar pra qualquer lugar. Tanto na cidade, interior, roça, então não vai me deixar na mão”, diz o comprador Duda Moura. Também não é bem assim. Mas, de fato, eles andam melhorando.
O modelo que levamos para a rua tem um bom processador e uma ótima memória. Mas é um pouco mais gordinho - o que não incomodou. “É um computador legal que é pequeno, fácil de carregar”, completa Duda. Entre ele e o iPad, Tamara preferiu o menos fashion. “É bem o propósito dele mesmo: é um computador pequenininho mesmo”.
Fomos atrás de quem entende do assunto para dar o veredicto sobre o uso do tal netbook! “Ele é um equipamento que foi criado com a visão de se utilizar os aplicativos em uma nuvem. Poder acessar email, ver uma página na internet”, explica o especialista Ethienni Martins de Lima. Computação nas nuvens ou “cloud computing” não é nada dos céus. É a simples ideia de acessar pela internet dados que estão armazenados em servidores em qualquer parte do mundo. Ou seja, os programas e arquivos não precisam estar instalados no HD do seu computador. Então, a capacidade da sua máquina não precisa ser fantástica.

E os smartphones?
Podem ser um computador suficiente?“O smartphone é levar o mundo no seu bolso”, diz a estudante Tamara Chaves. Tem até os viciados nele. Numa busca rápida pela internet, por "smartphone addiction" - ou seja, o vício por smartphone, encontra-se quase meio milhão de respostas! “Faz tudo que os outros fazem, é super prático, menor ainda, não precisa de bolsa, não precisa de mochila, e ainda faz ligação”, conclui Tamara.
Ele é bom companheiro e sedutor. Mas tem a tela pequena, menor capacidade de processar dados e, para escrever muito, não dá!“Você não vai digitar um trabalho de 15 páginas num smartphone. É quase impossível”, diz Tiago. Ao contrário do smartphone, outro computador não pegou muito não. É um notebook diferente, com direito à tela sensível ao toque, touchscreen.

Mas ele gira e vira um tablet.“Mas só porque faz isso aqui... acho pesado e feio”, completa. Sim, existem versões mais leves, mas, em geral, são mais caras do que os notebooks convencionais. Pensando bem, de convencionais eles não têm nada. As máquinas portáteis lançadas no início dos anos 80, chamadas de notebooks ou laptops, revolucionaram a relação do ser humano com o computador. E entre um desktop e um laptop, o que você escolheria? Quais são as qualidades e os defeitos de cada um deles? Qual a vantagem de ter um desktop, que é maior, ocupa mais espaço, e não um laptop, tão bonitinho, tão portátil?
“O desktop é uma plataforma dita aberta. Nós podemos fazer upgrades nele. Nós podemos adicionar placas, nós podemos aumentar a capacidade dele”, explica Ethienni. Tem profissionais que não abrem mão de nenhum dos dois! Alexandre trabalha com tudo ao mesmo tempo: “O desktop é a máquina de trabalho que a gente usa pra editar, pra corrigir cor, pra fazer composição de, cor que é a minha especialidade. Aqui eu concentro a cavalaria pesada. Eu fico conectado. O desktop pode mais. Fato. Mas essa pequenininha já socorreu essa grande aqui. Uma vez ela ficou dodói, eu tive que passar o filme pra cá”, diz, apontando o notebook.
Agora, respondendo à pergunta lá do início: não, nós não precisamos de tudo isso! Mas quem tem bala na agulha para ter um de cada... Que beleza!

Imagem: ReproduçãoColunista: Ivan de Freitaspolitica@capixabao.com
Fonte: G1

Maconha: como ela age no organismo e seu uso como remédio. Assunto polêmico.



Escrito por Renato Malcher-Lopes
Como funciona o efeito da maconha no organismo em geral e no cérebro?
O principal componente ativo da maconha, o THC, se liga a dois tipos principais de receptores: o CB1, mais proeminente no sistema nervoso central, e o CB2, mais encontrado no resto do organismo. Esses receptores são ativados por substâncias produzidas por diversos tipos celulares, incluindo os neurônios. Essas substâncias são, por isso, chamadas de canabinoides endógenos, ou endocanabinoides. São como “maconhas” produzidas pelo nosso organismo. Os endocanabinoides são protagonistas numa complexa rede de mecanismos fisiológicos, metabólicos, sensoriais, comportamentais, cognitivos e emocionais, que agem de forma integrada para manter a homeostase (equilíbrio do ambiente interno do organismo) em situações de normalidade e em situações pós-estresse. Basicamente, o sistema endocanabinoide, composto pelos endocanabinoides per si e seus receptores, funciona como orquestrador de alterações de ajuste a flutuações normais e, sobretudo, como coordenador de ajustes necessários ao retorno do organismo à normalidade após a adaptação aguda a algum tipo de estresse. Por isso, o THC da maconha gera simultaneamente e de forma mais intensa um conjunto grande de efeitos dos quais nosso próprio organismo lança mão normalmente para lidar com flutuações diárias e/ou situações adversas. Assim, a maconha causa sensação de relaxamento psicológico, relaxamento muscular e maior capacidade de introspecção (aumenta o foco e a atenção em aspectos específicos e diminui a atenção em aspectos dispersos do ambiente). Aumenta a percepção, a sensibilidade e a apreciação lúdica, estética e hedônica de todos os sentidos (olfação, gustação, audição, tato, visão e propriocepção). Diminui a sensação de dor, diminui a ansiedade. Aumenta a criatividade e dificulta o pensamento objetivo, que é substituído por uma capacidade atípica de integração de ideias, conceitos e emoções de forma mais flexível e subjetiva. Melhora a capacidade de gerar imagens mentais. Reduz transitoriamente a memória de curto prazo e, por isso, distorce a noção de tempo. Aumenta o apetite, atrasa a sensação de saciedade e elimina náuseas.
Os efeitos fisiológicos do sistema endocanabinoide e, por conseguinte, muitos dos efeitos da maconha são em grande parte resultantes da inibição do chamado sistema nervoso autônomo simpático (que atua em situações de emergência que demandam luta ou fuga) e pela ação estimuladora, ou permissiva, que o THC exerce sobre o chamado sistema nervoso autônomo parassimpático (que predomina em situações de normalidade). Essa ação sobre o sistema nervoso autônomo, em concerto com a ação dos canabinoides sobre circuitos do sistema nervoso central, promove, por exemplo, as sensações de bem-estar e calma, relaxamento muscular, redução da dor, aumento do apetite e da mobilidade gástrica, redução da sensação de náusea, aumento do armazenamento de reservas nutricionais (gordura e glicogênio), atenuação da resposta imune e inflamatória, e a estimulação da interação social e afetiva. Todos esses efeitos são transitórios e reversíveis. Em doses excessivas, ou quando abusada por um longo período, muitos dos efeitos da maconha, mas nem todos, serão os opostos dos descritos acima. Embora seja normalmente ansiolítica, em determinadas situações, a maconha pode potencializar o mau humor e a ansiedade, e eventualmente gerar estados paranoides moderados e transitórios.

Onde o THC é metabolizado e qual seu caminho no organismo após isso?
O THC é metabolizado no fígado e seus subprodutos são eliminados na urina. Por causa de sua natureza gordurosa, o THC associa-se a reservas endógenas de gordura e pode permanecer em baixas quantidades por muitos dias no organismo.

Por que motivo a maconha causa fome? Essa é uma reação física ou psicológica?
O THC da maconha ativa de forma mais potente um sistema que normalmente é ativado no cérebro quando estamos em jejum. Esse sistema aumenta a antecipação e a sensação prazerosa de comer. Aumenta também o tempo e a quantidade de comida ingerida para que tenha lugar o estabelecimento da saciedade. Também é aumentada a capacidade e velocidade de processamento de alimentos pelo sistema digestivo. A maconha atua sobre os mesmos mecanismos e, portanto, aumenta a vontade de comer, a capacidade de comer muito e a sensação prazerosa do gosto e da textura dos alimentos, sobretudo os mais palatáveis (ricos em carboidratos e gorduras).

Em outros países do mundo usa-se a maconha de forma terapêutica. Para que doenças e fins ela é usada?
A maconha pode ser usada para redução de diversos sintomas desconfortáveis associados ao mal-estar de muitas doenças. Ela é mais utilizada para eliminar a náusea (quimioterapia), diminuir a dor (dores centrais graves que não respondem a analgésicos comuns, enxaqueca, dores em membros-fantasma, etc.), aumentar o apetite (caquexia, anorexia nervosa), melhorar o estado de humor, reduzir espasmos musculares (esclerose múltipla, cólicas), reduzir pressão intraocular (glaucoma), reduzir convulsões (epilepsia, tétano, etc.), diminuir a ansiedade e aumentar o sono (insônia). A maconha também pode ser utilizada para reduzir efeitos da síndrome de abstinência de drogas altamente viciantes como o crack.

A maconha medicinal é vendida em que formato?
A maconha pode servir como fonte de princípios ativos isolados ou ser usada in natura. O uso de princípios ativos isolados tem a vantagem de atuar de forma mais específica quando se deseja evitar efeitos desnecessários. Já a maconha in natura é vantajosa para estados multissintomáticos. A vantagem da inalação dos componentes da maconha via vaporizadores (que aquecem a planta sem produzir fumaça tóxica) está na rapidez do efeito e na adequação da dose pelo próprio paciente ao mínimo necessário para a obtenção do efeito desejado. Entretanto, o uso da maconha in natura será mais consistente se esta provier de linhagens padronizadas, com baixa variabilidade de composição relativa e concentração de princípios ativos.

O efeito da maconha medicinal é semelhante ao efeito da droga consumida em formato de cigarro?
A maconha fumada como cigarro terá efeitos semelhantes aos da maconha inalada por meio de vaporizadores, porém essa incluirá na fumaça muitos dos mesmos componentes tóxicos do tabaco. Assim, para finalidades medicinais, a maconha deve ser utilizada por meio de vaporizadores, mas não fumada.

Alguns médicos defendem que a maconha deve ser evitada de qualquer jeito, porque prejudicaria os neurônios e causaria mais câncer que o cigarro comum. Outros defendem a descriminação, alegando que a maconha traz mais benefícios que malefícios. Afinal, na sua opinião, quem está com a razão?
Aqueles que dizem que a maconha deve ser evitada a qualquer custo estão mal informados sobre a excelente relação custo-benefício do uso da maconha em muitos casos onde ela é mais eficiente e benigna que os remédios industrializados. Existem na população indivíduos mais suscetíveis a determinados efeitos adversos, como a precipitação de surtos psicóticos, mas esses são minoria. De qualquer modo, é importante frisar que a maconha não deve nunca ser abusada, mas, mesmo que for abusada, ainda será muito menos prejudicial do que quando comparada com o abuso de remédios vendidos corriqueiramente nas farmácias e utilizados em hospitais, como antidepressivos, opioides (morfina), barbitúricos, ansiolíticos, entre outros. Também é importante lembrar que a maconha medicinal produz os mesmos efeitos psicotrópicos e alterações transitórias da memória de curto prazo. Portanto, o uso crônico, ainda que controlado, deve ser evitado, avaliando-se, é claro, em cada caso, a relação custo-benefício. Hoje em dia, com a fartura de dados clínicos sobre o uso medicinal da maconha, opor-se intransigentemente à exploração do seu potencial terapêutico é, em minha opinião, uma atitude mais próxima da negligência do que da cautela médica.

Queria fazer um adendo às respostas: Não existe nenhum estudo cientifico demonstrando que o uso exclusivo da maconha cause câncer. Isto é uma especulação que assumiu aparência de verdade por ter sido repetida na mídia por pessoas sem preocupação com o rigor científico. Mas o melhor é não arriscar e utilizar os vaporizadores que produzem a chamada "fumaça fria" da maconha, que não contém os produtos tóxicos da queima e é rica em canabinóides altamente anticancerígenos.
Renato Malcher-Lopes é biólogo pela Universidade de Brasília e doutor em Neurociências pela Universidade Tulane, em New Orleans, EUA. Fez pós-doutorado em Neurofisiologia pela Ecole Polytechinique Fedérále de Lausanne (Suíça) e em Bioquímica Analítica, pelo laboratório de espectrometria de massa da EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia. É autor do livro Maconha, Cérebro e Saúde.
Fonte: IDMED