quinta-feira, janeiro 27, 2011

Soneca depois do almoço ajuda a fixar lembranças

A melhor forma de não esquecer uma poesia ou uma fórmula matemática que se acabou de aprender pode ser o simples ato de fazer a sesta, revelaram cientistas alemães, que também eles mesmos surpreendidos com a descoberta.

Publicadas na revista Nature Neuroscience, as experiências mostram que o cérebro resiste melhor durante o sono a tudo aquilo que pode misturar ou alterar uma lembrança recente.

Estudos anteriores já tinham provado que a memória recente, estocada temporariamente em uma região do cérebro chamada hipocampo, não se fixa imediatamente.

Sabe-se, também, que a reativação das lembranças, pouco tempo após serem adquiridas, desempenha um papel determinante em sua transferência para a zona de estocagem permanente, o neocórtex, espécie de "disco rígido" do cérebro.

Mas, por exemplo, aprender um segundo poema no intervalo pode tornar mais difícil gravar o primeiro na memória longa.

Partindo do princípio de que o sono não teria nenhuma influência nesse processo, Bjorn Rasch e seus colegas da Universidade de Lübeck, na Alemanha, quiseram confirmar a suspeita em uma experiência.

Eles pediram a 24 voluntários que decorassem 15 pares de cartas com imagens de animais e objetos comuns.

Quarenta minutos mais tarde, a metade dos que foram mantidos acordados precisaram memorizar uma outra série de cartas levemente diferentes. A outra metade (os outros 12 voluntários) teve o direito de fazer uma curta sesta antes de decorar a segunda série.

Em seguida, os dois grupos foram testados sobre sua capacidade de se lembrar da primeira série.

Para grande surpresa dos cientistas, os que dormiram um pouco tiveram um desempenho melhor, lembrando-se, em média, de 85% das cartas, contra 60% entre os que ficaram acordados.

"Pensamos que a razão desse resultado inesperado é que a transferência das lembranças entre o hipocampo e o neocórtex tinha começado já nos primeiros minutos de sono", explicou Susanne Diekelmann, responsável pelo estudo.

– Após um sono de apenas 40 minutos, uma quantidade importante de lembranças já havia sido "telecarregada" numa zona do cérebro na qual não podiam mais ser misturadas por novas informações tratadas no hipocampo.

Segundo Susanne, o efeito benéfico das sestas na consolidação da memória poderia ter implicações interessantes para as atividades de aprendizagem intensiva, como o estudo de línguas estrangeiras.

O processo poderia também beneficiar vítimas da síndrome de estresse pós-traumático, uma doença que atinge pessoas que viveram situações extremas, como acidente grave, atentado e agressão, por exemplo, ajudando-as a reconfigurar suas lembranças.



Imagem: Reprodução

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