domingo, janeiro 30, 2011

Especialistas dizem que estresse causa doença de pele

Um em cada três pacientes que sofrem com doenças de pele sofre com problemas emocionais, como estresse, ansiedade e depressão. É a estimativa da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Na avaliação de dermatologistas, com a maior expectativa de vida da população e o dia a dia mais corrido, a tendência é de aumento do número de pessoas com esses problemas.

O fenômeno, chamado de psicodermatose, é percebido em qualquer doença de pele, como vitiligo, acnes, manchas, psoríase e dermatite atópica.

Para a diretora do Instituto Superior de Medicina e Dermatologia, Roberta Motta, diversos estudos já comprovaram que “a pele é o espelho do alma”. Segundo a médica, o problema atinge todas as faixas etárias.

– Estresse, depressão e ansiedade podem ocasionar distúrbios sérios, podendo chegar até a automutilação, como a tricotilomania, que é quando o paciente arranca os próprios cabelos.

Roberta afirma que o primeiro passo para o tratamento é identificar o problema na pele e, em seguida, o fator psicológico provocador.

– Fizemos um estudo com dois grupos de crianças que tinham vitiligo. Um fazia tratamento com medicamento e com acompanhamento psicológico, o outro grupo não. Identificamos que a taxa de cura foi 80% maior no primeiro grupo. Entre as crianças, muitas vezes, o nascimento de um irmão, entrada na escola ou até separação dos pais eram desencadeadores da doença.

Um dos casos que chamaram a atenção da dermatologista é de uma mulher que tinha vitiligo desde jovem e nunca havia tratado a doença, pois dizia não acreditar na cura. Mas, quando a filha dela, de seis anos, manifestou a doença e melhorou com tratamento, a mãe também começou a melhorar, devido ao apoio psicológico.

Ana Regina Coelho de Andrade, dermatologista e coordenadora Estadual de Dermatologia Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, observa que os tipos mais comuns de doenças na pele provocadas por problemas emocionais são a acne, caspa, irritações, psoríase, queda de cabelo, e lesões em joelhos e cotovelos.

– Percebemos nos exames que não se trata de problema imunológico e, sim, sentimental. Então, encaminhamos para tratamento psicológico, paralelamente ao da pele. A pele e o sistema nervoso se originam do mesmo folheto embrionário. Por isso, um influencia tanto o outro. O importante é tratar o mais rapidamente possível, antes que vire um problema crônico.

O analista de suporte Leandro Lacerda Ruppo, 33 anos, conta que descobriu a psoríase há dez anos.

– Fui em um clínico geral para ver umas manchas perto do joelho. Aí foi constatada a psoríase. Não fiquei muito surpreso, pois a família do meu pai já tem histórico. Sempre que fico mais nervoso ou estressado, a doença ataca e piora muito. A pele começa a descamar em vários locais, como dentro do ouvido, cotovelo, joelho e costas. Passo pomadas e tomo sol para melhorar, mas não faço tratamento.

A psicoterapeuta Valéria Simão afirma que o tratamento psicológico varia de pessoa para pessoa. Para diferentes casos podem ser empregados apenas as conversas e até medicação contra depressão.

– O tratamento é estabilizar a pessoa.

Para a psicóloga clínica Adriana Roquette, as pessoas que mais sofrem com esse tipo de problema são indivíduos de personalidade introvertida, com dificuldades de expor sentimentos, tensas, reprimidas e que já passaram por algum trauma.

– A tendência é transparecer isso na pele. Caso a origem não seja orgânica, trabalhamos o emocional, com terapias e conversas.


Imagem: Reprodução

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