sexta-feira, janeiro 14, 2011

Dieta ortomolecular: mitos e verdade

dieta ortomolecular é a opção escolhida por muita gente para perder peso e melhorar a qualidade de vida. Para os leigos, entretanto, muitas dúvidas surgem no meio do caminho, alimentados por informações erradas que surgem na internet. Para tirar todas estas dúvidas, convidamos o Dr. Jorge Jamili, especialista no tema pela Sociedade de Medicina Ortomolecular do Rio de Janeiro. Veja na entrevista abaixo.

Um e-mail que circula pela internet afirma que a dieta ortomolecular ensina que o ideal é consumir frutas com o estômago vazio. Isso é verdade?

Sim. O alimento ideal pela manhã são as frutas. Elas oferecem o que o organismo necessita naquele momento do dia, ou seja, energia rápida através da frutose, fibras para o bom funcionamento intestinal, água para a hidratação, vitaminas e minerais, e ainda ajudam a alcalinizar o organismo, equilibrando seu pH, que deve ser sempre ligeiramente alcalino e nunca ácido, pois, quanto mais ácido, maior a tendência às doenças. Todos esses processos são otimizados caso comamos as frutas com o estômago vazio, pois o organismo recrutará apenas as enzimas necessárias para a digestão das frutas, que se processará mais rápida e facilmente. Quando misturamos proteínas às frutas, lentificamos a digestão e solicitamos mais esforço do organismo. O ideal é comermos um lanche baseado em proteínas entre o café da manhã e o almoço.

Esse lanche entre as refeições principais é fundamental para as pessoas que desejam diminuir medidas, pois o organismo recorre a mecanismos muito eficientes de sobrevivência quando ficamos mais que 3 horas sem alimento. Nosso cérebro primitivo reconhece que podemos estar passando por um período de escassez de alimentos, e iniciar vários processos de economia, sendo que nossa moeda de poupança são as gorduras, e priorizará outras vias metabólicas diferentes para obtenção de energia, poupando as indesejáveis (na maioria das pessoas) reservas de gordura. Para inibir esse processo, basta realizar lanches adequados entre o desjejum e o almoço e entre o almoço e o jantar. É importante que esse lanche seja de proteínas, pois, além de saciar a fome por mais tempo, não iniciará a cascata hormonal que os carboidratos proporcionam, produzindo mais fome após algum tempo.

E beber bebidas geladas durante as refeições? Faz mal? É verdade que o ideal seria consumir bebidas quentes junto com a comida?

Parece consenso que as bebidas durante as refeições podem diluir os sucos gástricos. É fato que os líquidos gelados produzem contração, e os quentes relaxamento, das vísceras e dos vasos sanguíneos. Minha recomendação, como em tudo na medicina, deve ser individualizada. A pessoa que não apresenta problemas digestivos não deve preocupar-se com as bebidas durante as refeições, mas, se estiver apresentando excesso de gases, plenitude pós-prandial (sensação de que comeu demais, apesar de não ter se excedido na quantidade de alimentos), dor abdominal, constipação, diarreia ou qualquer desconforto após as refeições, deve observar as bebidas durante as refeições e suspendê-las, sobretudo as gaseificadas (refrigerantes e cervejas), preferindo chás quentes digestivos.

Comer alimentos industrializados pode fazer um grande mal à saúde? Por quê?

A grande maioria dos alimentos industrializados, mesmo aqueles vendidos em lojas de produtos naturais, apresenta algum tipo de aditivo químico e/ou embalagem que pode prejudicar a saúde. É impossível manter o alimento nas prateleiras para ser vendido sem agregar ao mesmo algum conservante e/ou gordura hidrogenada, aumentando o tempo de validade. Há corantes, ressaltadores do sabor, espessante ou diluente etc. e etc. O problema é que essas substâncias químicas não fazem parte de nosso meio biológico e, portanto, têm que ser expulsas do organismo – quando possível – pelos órgãos de desintoxicação, sobrecarregando-os. Há substâncias denominadas xenobióticas com ação estrogênica, ou seja, possuem afinidade pelos receptores de estrogênio e causam distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, ovários policísticos, endometriose, nódulos nas mamas, miomas etc. Outras podem causar câncer e outras ainda podem desequilibrar os hormônios e causar câncer ao mesmo tempo.

Algumas pessoas não creem no fato de que irão emagrecer fazendo 5 refeições diárias. Qual a lógica de comer 5 vezes ao dia e não apenas 3? O consumo de calorias não é menor neste caso?

Hoje em dia acredita-se que o conceito de contagem de calorias esteja um pouco ultrapassado, pois existem muitos outros fatores envolvidos no acúmulo ou queima das reservas energéticas de gordura.

É verdade que, ao consumir carboidrato simples ou açúcar refinado, devemos comer junto alguma gordura ou proteína, para evitar que o nível de açúcar no sangue aumente rapidamente e logo depois tenha uma queda?

Este é um conceito totalmente equivocado. Devemos evitar ao máximo os carboidratos simples ou açúcar e doces. É fato que, se comermos doces com gordura, diminuirá a velocidade de absorção, mas será absorvido e transformado em gordura todo o carboidrato ingerido e não queimado.

Muitas pessoas não consomem fígado por pensarem que ele é cheio de toxinas da vaca. Essa informação procede?

Todo o organismo de um animal alimentado com rações industrializadas e hormônios esteroides, indutores de crescimento, vacinas e pastagens contaminadas com agrotóxicos estará contaminado, não apenas o fígado.

Jorge Pedro Alves Jamili especializou-se em Medicina Ortomolecular pela Sociedade de Medicina Ortomolecular do Rio de Janeiro, em Geriatria e Gerontologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Medicina Anti-Aging, sendo membro da American Academy of Anti-Aging Medicine e um dos fundadores do Colégio Brasileiro de Medicina Anti-Envelhecimento. CRM: 52683302 / RJ

FONTE: IDMED


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