quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Remédios em casa: como tomar e administrar corretamente?




Repartir os medicamentos ao meio pode causar algum mal para o paciente? Antibióticos podem ser tomados sempre que os sintomas da doença aparecem? Como ter certeza de que o medicamento está em condições de uso? Como descartá-lo? Veja 10 informações importantes sobre o armazenamento de remédios em casa.

1- Cápsulas de remédio podem ser abertas? Há algum risco para a pessoa que vai tomar o remédio?

Não devem ser abertas. O paciente às vezes, por dificuldade de engolir os medicamentos inteiros, tem o costume de dividi-los ao meio ou abrir cápsulas para facilitar a ingestão. Isso pode ser perigoso à saúde, pois quando um remédio é cortado, triturado ou amassado sua dosagem pode ser alterada e a maneira como o nosso organismo absorve esse medicamento também. Pode haver risco de intoxicação.

Por isso é importante seguir as informações contidas na bula do medicamento. Outra opção no caso de dificuldade em ingerir o produto é consultar o médico para ver a possibilidade de manipular o medicamento na dose prescrita, para facilitar a ingestão do mesmo, evitar desperdícios, ou mudar a forma farmacêutica (como de cápsula para xarope, por exemplo).

2- Medicamentos podem ser partidos ao meio? Há algum risco para o paciente?

Não é recomendada a partição dos medicamentos, porém alguns comprimidos não revestidos e sulcados (possuem um sulco definido no centro) são comumente indicados pelos médicos para a ingestão da metade deles, fazendo com que o paciente tenha que parti-los. A divisão do comprimido pode causar desagregações, desintegrações ou fazer com que se esfarelem, afetando a posologia real indicada.

A partição do comprimido ao meio é prejudicial ao paciente, especialmente se o produto for de liberação sustentada, ou seja, é liberado durante todo o dia no organismo, ou se o produto objetiva atingir uma área específica do organismo antes de se dissolver. Como também o medicamento pode se tornar ineficaz e causando potenciais problemas relativos à medicação e a insuficiente aderência do paciente.

3- E moer o comprimido antes de tomá-lo? É indicado?

Não é indicado, apesar de ser inevitável às vezes. O correto seria procurar o medicamento na forma líquida. A trituração dos comprimidos segue a mesma regra de medicamentos partidos. Uma das possibilidades da utilização desse processo é quando o paciente já não dispõe da via oral em condições para engolir, então precisa ser administrado por sonda nasogástrica, por exemplo.

4- Antibióticos podem ser tomados novamente, sem indicação médica, caso a doença volte?

Nenhum medicamento deve ser tomado sem ser indicado por um médico. No caso dos antibióticos, a problemática se deve à grande quantidade de pacientes resistentes aos antibióticos existentes no mercado devido ao uso indiscriminado dos mesmos, que é responsável pelo fortalecimento e mutação de algumas dessas bactérias.

As novas decisões da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aconteceram depois dos surtos com a superbactéria (KPC), que é resistente a praticamente todos os antibióticos existentes.

A nova resolução diz que a compra de qualquer antibiótico só pode ser feita mediante a apresentação de uma receita de duas vias, com informações completas do medicamento e do paciente e com validade de 10 dias após a prescrição. Portanto, caso a doença volte, é necessário que se procure um médico novamente.

5- Como jogar fora remédios já abertos? Como eles devem ser colocados no lixo?

Alguns cuidados são necessários na hora de descartar os medicamentos abertos e vencidos. Muitas vezes frascos e comprimidos que perderam a validade são jogados no lixo doméstico dentro de suas caixas. Não há nenhuma lei que regulamente esse descarte, no entanto, para evitar que outras pessoas consumam o medicamento vencido ou alterado, é indicado: no caso de comprimidos, cápsulas ou qualquer apresentação na forma sólida, jogá-los no vaso sanitário; para formulações líquidas como xaropes e suspensões, jogar o líquido na pia e lavar o recipiente antes de jogá-lo no lixo; para as pomadas e loções retirar todo o conteúdo do frasco ou bisnaga.

É preciso inutilizar os medicamentos para evitar intoxicação e fazer o descarte longe das crianças.

6- O que pode acontecer ao se tomar um medicamento vencido?

Está comprovado que os medicamentos vencidos podem perder sua efetividade. No caso do xarope, descongestionante nasal, colírio e medicamentos para problemas no ouvido, eles perdem parte do seu efeito depois de abertos no prazo de um mês. Já os medicamentos que vêm em blisters, que são aquelas típicas embalagens de comprimidos em cartelas, têm o prazo de validade fornecido pela indústria, identificado na caixa e na bula. Esse prazo é sugerido após vários testes, assim, se o medicamento ultrapassar a data estipulada, não há como garantir que o princípio ativo terá o efeito terapêutico.

O que pode acontecer no caso de ingestão de medicamento vencido é um processo de intoxicação acompanhada de náuseas e vômitos, diarreia, dor de cabeça e também alergias, que são os sintomas mais comuns.

7- Qual é o local mais indicado para guardar os remédios?

De acordo com o que é descrito na literatura e informado pelos laboratórios em geral, algumas recomendações são feitas para guardar os remédios de maneira segura dentro de casa:

  • Guarde-os dentro da embalagem original e com a bula;
  • Quando forem medicamentos líquidos, a colher ou o copo dosador deve ser mantido junto à embalagem original;
  • Faça sempre uma revisão na validade dos remédios armazenados;
  • Os medicamentos devem ficar em caixas plásticas em local limpo, seco, sem iluminação e longe de qualquer outro produto;
  • Os locais mais seguros são aqueles em que, mesmo que a criança suba com algum apoio, ela não vai conseguir alcançar. Boas opções são os maleiros.

8- Como saber se pomadas, comprimidos, xaropes e antibióticos estão em condições de uso, mesmo se estiverem dentro do prazo de validade?

Primeiro observe se tem alguma alteração de cor, consistência ou cheiro do medicamento fora do normal. Outras alterações específicas podem ser detectadas, como:

  • Cápsulas: amolecimento ou endurecimento;
  • Comprimidos: presença de farelos na embalagem, aparecimento de manchas na superfície;
  • Pós para reconstituição em soluções e suspensões: formação de pasta ou placas na parede do vidro ou empedramento;
  • Cremes e pomadas: mudança de consistência (amolecem ou endurecem), presença de bolhas ou de bolor (fungos);
  • Soluções, xaropes e elixires: partículas sólidas no fundo do vidro, presença de bolhas ou de bolor (fungos);
  • Suspensão: o pó fica empedrado no fundo do frasco e não mistura com agitação;
  • Supositórios: se estiverem derretendo ou com muitas rachaduras.

9- A bula e a caixa do remédio devem ser mantidas?

Sim. Como medida de segurança, porque às vezes, por condições inadequadas de armazenamento, o medicamento pode perder o rótulo ou, no caso dos comprimidos em cartela, não poderem ser visualizadas as informações, como o nome da substância, dose e a validade, podendo trazer alguma reação adversa importante para o indivíduo. Como também em relação ao armazenamento da bula dentro da embalagem de origem do medicamento, para poder fornecer informações necessárias para o tratamento.

10- O que fazer se houver suspeita de ingestão errada de medicamentos por crianças e animais?

Em todas as embalagens de medicamentos vem contendo a informação de que “TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS”; isso também serve em relação aos animais. Caso haja uma ingestão errada dessas substâncias, observe se o paciente apresenta alguma reação alérgica, como falta de ar, coceira, lesões avermelhadas, muita diarreia, e leve-o ao hospital mais próximo juntamente com a embalagem do medicamento ingerido, para que sejam tomadas as providências necessárias nesse caso.

Se não apresentar nenhuma reação inicial, observe por um período se o paciente pode apresentar qualquer outra reação mais tardiamente e comunique ao médico.

Dra. Kristiana Cerqueiro Mousinho é doutora em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará. Atua principalmente nos seguintes temas: ricinus communis l., tecnécio-99m, sarcoma 180, toxicidade e oncologia.

FONTE : IDMED

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