segunda-feira, maio 30, 2011

Cigarro: o que realmente funciona quando se quer parar?


A lei antifumo é capaz de fazer as pessoas pararem de fumar?

Restrições de locais onde o tabagismo é permitido fazem com que fumantes reduzam consumo. Aqueles que possuem baixa dependência e estão motivados poderão, se tentarem, conseguir deixar de fumar com mais facilidade do que costumam imaginar. Os que possuem alta dependência nicotínica podem ter dificuldades com esta redução do consumo necessária para se adaptar às novas condutas trazidas pela lei; a estes, recomenda-se procurar apoio profissional para que consigam deixar de fumar sob apoio comportamental e medicamentoso.

 
Quais são os benefícios da lei antifumo a curto e a longo prazo, tanto para o fumante quanto para aqueles que não fumam?

No curto prazo há o claro respeito ao direito de TODOS (fumantes ou não) de frequentarem ambientes fechados livres de fumaça de cigarro. Fumantes, ao terem que respeitar a lei, poderão experimentar maior facilidade para deixar de fumar, o que deveria ser aproveitado por todos como uma "oportuna janela de oportunidade" para a mudança de comportamento rumo à cessação do tabagismo.

No longo prazo há redução da ocorrência de doenças tabaco-relacionadas entre fumantes e não fumantes, ou seja, melhor qualidade de vida, redução de gastos desnecessários com a manutenção do tabagismo (que também ocorre quando se, pelo menos, reduz o consumo para respeitar a lei), redução de gastos públicos e privados com tratamentos de saúde, redução de absenteísmo nas empresas por doenças tabaco-relacionadas, redução de aposentadorias precoces com doenças tabaco-relacionadas, aumento da expectativa de vida dos que deixam de inalar a fumaça e, tão importante quanto as anteriores, conscientização da sociedade de que fumar é permitido, desde que não imponha aos não fumantes os riscos do tabagismo.

 
Medidas como imagens chocantes em embalagens de cigarro ajudam a reduzir o consumo de tabaco pelos fumantes?

As imagens de advertência nos maços de cigarros tem como objetivo alertar sobre os riscos do consumo. Portanto, possuem função educativa; não devemos interpretá-las como um método para redução do consumo de cigarros ou para tratamento do tabagismo. Mesmo assim, elas acabam indiretamente funcionando como motivadoras para a redução do consumo e para a cessação, tirando o fumante da contemplação e levando-os à prontidão para a mudança comportamental mais rapidamente que na ausência de qualquer intervenção.

 
Ao proibir propagandas de tabaco, o sistema consegue evitar que mais pessoas se tornem consumidoras da indústria do tabagismo?

Sim. Comprovadamente a redução da exposição de crianças e adolescentes às propagandas de cigarros limita a experimentação e, consequentemente, a iniciação tabagísticas. Isto já foi demonstrado em diversos estudos e vem esimulando governos do mundo inteiro a adotar estas restrições, já vigorando no Brasil há longa data.

 
É possível parar de fumar sem chicletes de nicotina e filtros para cigarro? Que medidas devem ser tomadas por aqueles que decidem tirar o cigarro de suas vidas?

Todos que desejam deixar de fumar devem tentar. Caso apresentem dificuldade, indica-se a busca de um profissional de saúde para solicitar orientações sobre como deixar de fumar. O tratamento consiste de orientações que motivem e orientem a mudança de comportamentos (intervenção cognitivo-comportamental) e o apoio farmacológico. Entre as opções farmacológicas disponíveis hoje estão as terapias de reposição nicotínica (gomas, adesivos e pastilhas), a bupropiona e a vareniclina, todas consideradas de primeira escolha para tratamento do tabagismo. Não há estudos que comprovem qualquer benefício em se usar filtros para deixar de fumar, desta forma não são recomendados pelos organismos nacionais e internacionais como alternativa terapêutica.

 
Grupos de apoio e centros de tratamento anti-tabaco são indicados em quais casos?

Estão indicados aos fumantes que já tentaram deixar de fumar e não conseguiram ou àqueles que têm receio em tentar sem apoio profissional especializado.

 
Terapias alternativas, como a hipnose e a acupuntura, são eficazes no tratamento do tabagismo?

Da mesma forma como os filtros, acupuntura e hipnose não apresentam estudos científicos que comprovem sua eficácia como tratamentos para o tabagismo. Estudos maiores e melhor delineados são aguardados.

É importante, para a pessoa que deseja fumar, sentir-se apoiado e impelido à parar de fumar? No caso de um marido querer parar de fumar, e a esposa continuar fumando: seria interessante a mulher parar também, ou ao menos parar de fumar ao lado do marido? Ou não faz diferença?

Sim. Quanto maior o apoio social (principalmente familiar), melhor. O sucesso no tratamento do tabagismo depende da motivação do fumante. Se ele não se sente apoiado pelos amigos e familiares, mais difícil será suportar as dificuldades que podem surgir durante o tratamento.

Com relação ao comportamento de cônjuges, recomenda-se que a iniciativa seja sempre valorizada e respeitada pelo(a) parceiro(a), não sendo necessário que os dois parem simultaneamente. Se quiserem tentar juntos, melhor, mas não é mandatório. O importante é que exista influência positiva, respeito, estímulo e valorização constantes.

 
É importante um acompanhamento psicológico para aquele que quer parar de fumar?

Não é necessário que o tratamento seja feito sempre com um(a) psicólogo(a). Qualquer profissional de saúde deve saber recomendar e orientar o fumante durante uma tentativa de deixar de fumar. Quando realizado acompanhamento em centros de referência, porém, recomenda-se que exista abordagem de todos os aspectos de interesse: psicológicos, médicos, nutricionais e relacionados à atividade física.


Como fazer alguém que não deseja parar de fumar, se livrar do vício?

Não é possível mudar comportamentos se não há motivação. Para deixar de fumar, portanto, é pressuposto essencial que o fumante manifeste este desejo.

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