Mais de mil adolescentes chineses sem evidências de transtornos psiquiátricos foram acompanhados ao longo de 9 meses com aplicação de escalas de ansiedade, depressão e de avaliação do padrão de uso da Internet. Esta última escala é baseada em conceitos e comportamento encontrados no transtorno de jogo patológico e envolvia perguntas como: “Qual a frequência com que você se sente nervoso ou deprimido quando fica fora da rede e os sintomas logo melhoram quando volta a ficar conectado?”.
A maioria dos adolescentes (93,6%) foi classificada como usuários normais e 6,4% deles apresentavam perfil de vício moderado ou severo. O uso mais comum da internet foi para diversão (45%), seguido por busca de informação (28,1%) e comunicação com amigos (26,4%). Os adolescentes com comportamento patológico tinham uma tendência maior a usar a Internet para diversão do que para busca de informação. Após os 9 meses de acompanhamento, 8,4% dos adolescentes apresentaram escores altos na escala de depressão e esse risco era mais de duas vezes maior entre aqueles considerados viciados na Internet.
O uso patológico da Internet tem sido reconhecido como um comportamento que está associado a sinais e sintomas comuns a outros tipos de vícios. Os estudos têm demonstrado crescentes índices desse problema que afeta mais frequentemente os meninos, especialmente aqueles com personalidade introvertida. Esses números chegam a uma prevalência de mais de 10% dos adolescentes, dependendo da população estudada. Várias condições clínicas têm sido associadas ao uso excessivo da Internet, como é o caso de comportamento agressivo e depressão. O atual estudo deu uma grande contribuição ao corpo de evidências que já existia sobre a relação entre vício na Internet e depressão por ter seguido os adolescentes ao longo dos meses, o que favorece qualquer tipo de conclusão do tipo causa e efeito.
Conceitualmente, a dependência à Internet é vista como um transtorno compulsivo-impulsivo que envolve o uso exagerado da rede de computadores e já se reconhecem pelo menos três variantes principais de vício: jogos, conteúdo sexual e correio eletrônico.
Essas diferentes variantes têm quatro características em comum:
1) uso excessivo, com os usuários chegando a negligenciar outras atividades;
2) abstinência, com os usuários apresentando comportamento de ansiedade, irritabilidade, depressão quando não têm acesso ao computador;
3) tolerância, sendo este o fenômeno de precisar de um número cada vez maior de horas na Internet e/ou necessidade de equipamentos cada vez mais sofisticados;
4) repercussões negativas, com os usuários chegando a apresentar comportamento de evitação social e isolamento.
Em alguns países, como a Coreia do Sul e a China, o problema já tomou proporções alarmantes, demandando políticas públicas na tentativa de controlar o uso abusivo da Internet, especialmente entre os jovens.
Fonte: IDMED