Não basta só olhar para os pés do corredor. É importante observar joelhos e quadril, em movimento e parado.
É muito importante definir corretamente a maneira como você pisa ao caminhar e correr, é fundamental na escolha do tênis apropriado, evitando lesões e dores posteriores.
Antes de mais nada, é preciso lembrar que teste de pisada não é observar o desgaste da sola do calçado. Isso costuma levar a um diagnóstico errado, do chamado “falso supinador”. É preciso analisar quando e como o calcanhar toca o solo.
Fique atento às características abaixo e, se rolar alguma dúvida, faça um novo teste de pisada, de preferência numa clínica de fisioterapia ou ortopedia.
Pronadores
Pronadores têm a pisada para dentro, apoiando o pé mais internamente. A maioria dos pronadores apresenta joelho valgo, isto é, curvo para dentro. Isso força não só os próprios joelhos, podendo levar à dor e a problemas de menisco, como também o quadril.
Além disso, os casos de pronação costumam ser mais frequentes entre as mulheres, devido à anatomia preparada para a gravidez e o parto. O quadril mais largo acaba forçando os joelhos, que se curvam para dentro. Para manter o equilíbrio do corpo, o ponto de apoio dos pés fica mais interno, provocando a pisada pronada. Isso é conhecido como joelho em X.
Supinadores
A pisada supinada é a mais rara dos três tipos. Acontece quando o ponto de apoio do pé é na região mais externa. Nesse caso, o corredor costuma ter joelhos varos, ou seja, abertos.
Neutros
Os sortudos que têm pisada neutra não apresentam nenhum tipo de desvio ao caminhar ou correr. Os neutros não sofrem nenhum desabamento lateral do calcanhar. O pé toca o solo corretamente e o ponto de apoio é central.
No caso dos neutros, as pressões são equilibradas e suportadas de maneira certa pelos joelhos e quadris.
Lesões mais comuns em corredores:
Uma dorzinha aqui, outra acolá, um músculo que “pega’’ depois do oitavo quilômetro, aquela fisgada na panturrilha quando o percurso é íngreme… todo corredor tem um rosário de dores familiares, que aparecem com certa frequência e geralmente não incomodam muito, apenas o lembram do esforço físico. Entretanto, por ser uma atividade de alto impacto e totalmente viciante, a corrida produz algumas lesões que pedem atenção e tratamento. Nada grave: a tríade fisioterapia, descanso e gelo costuma resolver. (É IMPORTANTE A ORIENTAÇÃO DE SEU MÉDICO/FISIOTERAPEUTA E DE SEU PROFESSOR.)
Entorses de tornozelo
Corredor de rua já sabe: volta e meia um buraco aparece no caminho e lá se vai o pé, pisando meio fora, meio dentro e estirando ou até mesmo rompendo os ligamentos do tornozelo. Em geral, gelo e repouso são suficientes para reduzir a inflamação e cicatrizar a cartilagem lesionada. Entretanto, se a dor for muito intensa e persistir, é importante procurar um ortopedista (especialista em pé e tornozelo) que avalie a lesão e libere o retorno aos treinos.
Tendinite no tendão de Aquiles
Tendão de Aquiles é o ligamento que vai do calcanhar até a panturrilha. Quando inflamado, provoca dor durante caminhadas e trotes curtos, dor pela manhã e mesmo sua ruptura parcial pode necessitar de cirurgia (por orientação médica).
Para tratar procure um ortopedista e um fisioterapeuta, reduza treinamentos em ladeiras e aplique gelo. Em alguns casos, os treinos têm que ser abandonados por um período, para que o tendão seja totalmente recuperado.
Dor patelofemoral - Síndrome da dor patelofemoral (dor anterior no joelho)
É a dor mais comum entre corredores – talvez por ser mais chata de todas e de difícil indicação: a dor é difusa, ocorre no joelho como um todo e o corredor não sabe indicar exatamente onde é o ponto dolorido. Além disso, pode aparecer horas após o treino, como durante uma sessão de cinema, em que a perna fica na mesma posição.
Trata-se de uma inflamação na articulação (estruturas que compõem a articulação do joelho) que une a patela do joelho e o fêmur, o osso da perna. Ocasionada por falta de alongamento e excesso de treinos, o tratamento é muito simples: alongue-se bastante, antes, durante e depois do treinamento, e fortaleça os músculos das pernas com sessões de musculação na academia, focando especialmente o quadríceps femoral (parte anterior das coxas). Caso a dor persista, orientação médica torna-se necessária.
Canelite
Mais uma das campeãs entre corredores, a canelite é uma dorzinha que aparece na região da frente da canela e se intensifica se o treino é feito em subidas. Como em quase todas as lesões, é resultado de alongamento malfeito e excesso de esforço. Gelo e anti-inflamatórios sob prescrição médica costumam resolver o problema.
Importante lembrar também que fazer um aquecimento antes de pegar pesado na corrida e usar um tênis adequado ao seu biotipo e à sua pisada é fundamental para evitar qualquer problema.
Fasciíte plantar
A fáscia plantar é uma faixa de tecido conjuntivo que reveste o músculo flexor dos dedos, na planta do pé. Geralmente o corredor se queixa de uma dorzinha próxima ao arco do pé ou ao calcanhar quando esse tecido está inflamado. Isso pode acontecer em casos de superpronação ou falta de alongamento.
Isso mesmo, alongamento do pé. Para alongar a fáscia plantar, utilize uma bolinha e massageie toda a sola, dos dedos ao calcanhar, após a corrida. E utilize um tênis adequado à sua pisada.
Metatarsalgia
Um nome complicado para uma das reclamações mais frequentes entre corredores: a inflamação na parte frontal da sola do pé, onde os ossos metatarsais se conectam aos dedos. A sensação é semelhante à de se pisar constantemente sobre uma pedrinha e a dor pode ser bem intensa, a ponto de dificultar uma simples caminhada.
A metatarsalgia ocorre por um problema no alinhamento dos ossos metatarsais, agravado pela corrida, ou também a algum tipo de pé em que o atleta solta uma descarga de peso exagerada nessa região. Use uma almofada metatarsal entre a palmilha e o pé, na região que dói. Ela irá ajudar a amortecer o impacto sobre o local. E uma palmilha personalizada sob medida também ajuda nestes casos.
Neuroma
Os neuromas não são exclusivos de corredores; mulheres que exageram no salto alto são as vítimas preferenciais. Aparece como uma dor na parte frontal do pé, entre o segundo e o quarto dedos, com perda de sensibilidade e até formigamento. Importante: dói mais quando se está calçado do que quando descalço, e melhora se o pé é massageado.
O neuroma é causado por nervos pinçados ou irritados na parte frontal do pé, devido à movimentação exagerada dos ossos metatarsais. Aqui também vale o uso de almofadas metatarsais que complementem o amortecimento do próprio tênis.
Se a dor for persistente, procure um médico para exames mais apurados.