A radiação emitida pelos celulares pode causar câncer cerebral. É essa a conclusão de um estudo realizado pela Agência Internacional de Pesquisa Sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo, feito por 31 cientistas, não registrou, porém, nenhum caso ligado ao uso do aparelho. Existem, ao menos, cinco bilhões de telefones celulares em operação em todo o mundo.
O novo estudo foi baseado na revisão de centenas de relatórios médicos e artigos científicos sobre o tema. Os 31 cientistas, de 14 países, colocaram a radiação dos telefones no “grupo 2-B”, mesmo nível de perigo que a emissão de gases dos automóveis, o chumbo e o clorofórmio. A classificação de grupos foi feita em 1971, dividindo as substâncias em seis níveis. O “grupo 2-B” é considerado pela Agência como “possivelmente carcinogênico para humanos”, ou seja, que pode trazer risco.
De acordo com a publicação, há um risco aumentado de 40% para casos de gliomas (tumores do sistema nervoso central) em pessoas que utilizavam os aparelhos celulares por 30 minutos (em média) ao longo de 10 anos. O grupo, porém, não quantificou o risco, até por não haver casos clinicamente confirmados.
Para o doutor Jonathan Samet, da Universidade da Califórnia do Sul (EUA), presidente do grupo de trabalho que chegou a essa conclusão, mesmo não havendo casos comprovados, as evidências já classificam a radiação dos celulares como um risco. “A conclusão indica que pode haver algum risco, e nós precisamos ficar atentos nesta ligação entre os celulares e o risco de câncer”, afirma.
Já o diretor do IARC, Christopher Wild, considera o estudo um “ponto de início” para outras pesquisas sobre o tema. “É importante que pesquisas adicionais sejam feitas para comprovar que o uso prolongado dos aparelhos pode trazer problemas. Enquanto se aguarda a disponibilização de tais informações, é importante também que medidas sejam tomadas para reduzir a exposição do usuário à radiação, como a criação de dispositivos que não utilizem as mãos, ou ferramentas de texto”, alertou.
Em 2010, a própria OMS encomendou um estudo sobre a relação entre celulares, radiação e câncer. Nessa pesquisa, não foram encontrados elementos suficientes que justificassem o risco aumentado para tumores entre os usuários. Por isso, de acordo com a agência, há dados suficientes sobre os riscos para que os consumidores sejam alertados, porém não é possível garantir que a radiação dos celulares é segura.