Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) abre um novo caminho para o tratamento e a prevenção da obesidade.
O estudo realizado pelo educador físico Eduardo Ropelle, pós-doutorando da Faculdade de Ciências Médicas, mostrou que a prática de exercícios físicos sacia a fome em casos de obesidade e sobrepeso – os testes foram feitos com camundongos obesos.
Segundo Ropelle, o resultado do seu estudo mostra um novo benefício da ginástica para quem está acima do peso e prevê uma mudança de visão quanto ao papel do exercício na vida do obeso.
- Estamos demonstrando um novo mecanismo pelo qual a atividade física pode ajudar no combate a obesidade. Ate então se achava que o exercício era importante para o obeso porque aumenta o gasto energético. Mas, além disso, ele pode contribuir para o controle da ingestão alimentar.
Formado em educação física, Ropelle concluiu a pesquisa depois de cinco anos de estudos com camundongos magros e obesos. Em animais magros, a atividade física não alterou o quadro de ingestão alimentar, mas, para a surpresa dos pesquisadores, quando eles submeteram os animais obesos às sessões de atividade física, perceberam que eles passaram a comer menos.
Exercícios reativam hormônios "preguiçosos"
A sensação de saciedade se dá pela ação de dois hormônios: insulina e leptina. Produzidos no pâncreas e no tecido adiposo (gordura corporal), esses hormônios chegam ao sistema nervoso central e atingem uma área do cérebro chamada hipotálamo. Ali, eles ativam receptores e induzem à sensação de saciedade.
Se funcionarem bem, os hormônios tendem a diminuir a ingestão alimentar, dando aquela sensação de satisfação durante a refeição. No entanto, em pessoas obesas, essa capacidade fica bem mais reduzida. Isso porque, segundo Ropelle, a obesidade é resultado de um processo inflamatório crônico no tecido adiposo, o que provoca a diminuição da sinalização desses hormônios no sistema nervoso central.
As sessões de exercícios nos animais obesos mostraram que os hormônios voltaram a funcionar de maneira adequada, levando à saciedade.
- Isso aconteceu porque o exercício promoveu uma resposta anti-inflamatória, então aquele hipotálamo que estava resistindo à insulina e à leptina, ao se desfazer da inflamação, passou a funcionar.
Após a pesquisa realizada em animais, Ropelle afirma que tem planos de estudar o conceito em humanos, pois, segundo ele, é comum que pessoas sedentárias ou com sobrepeso que passam a se exercitar, mudem também a alimentação, passando a sentir menos vontade de comer.
Uma pessoa é considerada obesa quando tem o IMC (Índice de Massa Corpórea) acima ou igual a 30. Acima de 25 o índice já é preocupante e indica a presença de algum problema de saúde associado, como diabetes, hipertensão e colesterol alto.
Para calcular o IMC, divide-se o peso, em quilos, pela altura ao quadrado – ou seja, multiplicada por ela mesma. Por exemplo, uma pessoa com 87 quilos e 1,70m é considerada obesa, porque seu peso (80) dividido pela altura ao quadrado (1,70 x 1,70 = 2,89) é igual a 30,1.
Para saber se a descoberta pode ter serventia imediata para quem está acima do peso, o R7 consultou especialistas. As opiniões se dividiram. Para a endocrinologista Ana Beatriz Marques, da Santa Casa de São Paulo, por exemplo, a associação entre exercícios e saciedade já é conhecida na literatura médica.
- Quando se fala em exercício, se pensa no gasto calórico. Mas já é sabido que o exercício participa da saciedade, porque libera endorfina.
A médica afirma ainda que essa ligação, mais do que um respaldo científico, mostra uma atitude do paciente obeso que deve ser observada.
- A mudança de hábito já mostra que a pessoa está determinada a mudar. Isso não é científico, é uma observação. Esse momento está propício a escolhas alimentares, só que agora temos um respaldo químico.
O endocrinologista Fernando de Godoy Matos, membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) se mostra mais cético com a associação.
- O que acontece com os camundongos nem sempre acontece com os humanos. Se assim fosse, bastava às pessoas fazerem exercícios que emagreceriam. O exercício é um grande contribuidor para a manutenção do peso, mais do que da perda, porque ele aumenta a massa magra, que tem relação direta com o gasto de energia.
Segundo Matos, para, de fato, o obeso emagrecer, ele deve aliar a atividade física com uma alimentação equilibrada.
Como emagrecer com saúde
Segundo Ropelle, o resultado do seu estudo mostra um novo benefício da ginástica para quem está acima do peso e prevê uma mudança de visão quanto ao papel do exercício na vida do obeso.
- Estamos demonstrando um novo mecanismo pelo qual a atividade física pode ajudar no combate a obesidade. Ate então se achava que o exercício era importante para o obeso porque aumenta o gasto energético. Mas, além disso, ele pode contribuir para o controle da ingestão alimentar.
Formado em educação física, Ropelle concluiu a pesquisa depois de cinco anos de estudos com camundongos magros e obesos. Em animais magros, a atividade física não alterou o quadro de ingestão alimentar, mas, para a surpresa dos pesquisadores, quando eles submeteram os animais obesos às sessões de atividade física, perceberam que eles passaram a comer menos.
Exercícios reativam hormônios "preguiçosos"
A sensação de saciedade se dá pela ação de dois hormônios: insulina e leptina. Produzidos no pâncreas e no tecido adiposo (gordura corporal), esses hormônios chegam ao sistema nervoso central e atingem uma área do cérebro chamada hipotálamo. Ali, eles ativam receptores e induzem à sensação de saciedade.
Se funcionarem bem, os hormônios tendem a diminuir a ingestão alimentar, dando aquela sensação de satisfação durante a refeição. No entanto, em pessoas obesas, essa capacidade fica bem mais reduzida. Isso porque, segundo Ropelle, a obesidade é resultado de um processo inflamatório crônico no tecido adiposo, o que provoca a diminuição da sinalização desses hormônios no sistema nervoso central.
As sessões de exercícios nos animais obesos mostraram que os hormônios voltaram a funcionar de maneira adequada, levando à saciedade.
- Isso aconteceu porque o exercício promoveu uma resposta anti-inflamatória, então aquele hipotálamo que estava resistindo à insulina e à leptina, ao se desfazer da inflamação, passou a funcionar.
Após a pesquisa realizada em animais, Ropelle afirma que tem planos de estudar o conceito em humanos, pois, segundo ele, é comum que pessoas sedentárias ou com sobrepeso que passam a se exercitar, mudem também a alimentação, passando a sentir menos vontade de comer.
Uma pessoa é considerada obesa quando tem o IMC (Índice de Massa Corpórea) acima ou igual a 30. Acima de 25 o índice já é preocupante e indica a presença de algum problema de saúde associado, como diabetes, hipertensão e colesterol alto.
Para calcular o IMC, divide-se o peso, em quilos, pela altura ao quadrado – ou seja, multiplicada por ela mesma. Por exemplo, uma pessoa com 87 quilos e 1,70m é considerada obesa, porque seu peso (80) dividido pela altura ao quadrado (1,70 x 1,70 = 2,89) é igual a 30,1.
Para saber se a descoberta pode ter serventia imediata para quem está acima do peso, o R7 consultou especialistas. As opiniões se dividiram. Para a endocrinologista Ana Beatriz Marques, da Santa Casa de São Paulo, por exemplo, a associação entre exercícios e saciedade já é conhecida na literatura médica.
- Quando se fala em exercício, se pensa no gasto calórico. Mas já é sabido que o exercício participa da saciedade, porque libera endorfina.
A médica afirma ainda que essa ligação, mais do que um respaldo científico, mostra uma atitude do paciente obeso que deve ser observada.
- A mudança de hábito já mostra que a pessoa está determinada a mudar. Isso não é científico, é uma observação. Esse momento está propício a escolhas alimentares, só que agora temos um respaldo químico.
O endocrinologista Fernando de Godoy Matos, membro da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) se mostra mais cético com a associação.
- O que acontece com os camundongos nem sempre acontece com os humanos. Se assim fosse, bastava às pessoas fazerem exercícios que emagreceriam. O exercício é um grande contribuidor para a manutenção do peso, mais do que da perda, porque ele aumenta a massa magra, que tem relação direta com o gasto de energia.
Segundo Matos, para, de fato, o obeso emagrecer, ele deve aliar a atividade física com uma alimentação equilibrada.
Como emagrecer com saúde
A endocrinologista Ana Beatriz Marques, da Santa Casa de São Paulo, frisa que a obesidade precisa ser tratada de maneira multidisciplinar, ou seja, com médicos de diferentes especialidades. Por geralmente envolver questões psicológicas, como ansiedade e compulsão, é indicado ao paciente obeso procurar orientação de um endocrinologista e de um psicólogo, além de passar pelo nutricionista, que fará um cardápio de acordo com suas necessidades.
A médica apoia a manutenção de atividades físicas, desde que realizadas com ajuda de um preparador físico ou com algum tipo de orientação.
Ela ensina que manter uma dieta balanceada, mastigar bem e comer devagar são formas de driblar a ansiedade e acelerar a saciedade.
Como dicas, Ana Beatriz sugere comer mais alimentos à base de proteínas e vitaminas, sentar-se à mesa para comer e fazer exercícios físicos moderados.
A médica apoia a manutenção de atividades físicas, desde que realizadas com ajuda de um preparador físico ou com algum tipo de orientação.
Ela ensina que manter uma dieta balanceada, mastigar bem e comer devagar são formas de driblar a ansiedade e acelerar a saciedade.
Como dicas, Ana Beatriz sugere comer mais alimentos à base de proteínas e vitaminas, sentar-se à mesa para comer e fazer exercícios físicos moderados.
Fonte: